O interesse acerca dos mecanismos de geração e adaptação de
radicais livres de oxigênio (RLO) ao exercício aumentou significativamente
a partir da demonstração de sua relação com o consumo
de oxigênio. Os RLO são formados pela redução incompleta do
oxigênio, gerando espécies que apresentam alta reatividade para
outras biomoléculas, principalmente lipídios e proteínas das membranas
celulares e, até mesmo, o DNA. As injúrias provocadas por
estresse oxidativo apresentam efeitos cumulativos e estão relacionadas
a uma série de doenças, como o câncer, a aterosclerose
e o diabetes. O exercício físico agudo, em função do incremento
do consumo de oxigênio, promove o aumento da formação de RLO.
No entanto, o treinamento físico é capaz de gerar adaptações capazes
de mitigar os efeitos deletérios provocados pelos RLO. Estas
adaptações estão relacionadas a uma série de sistemas, dos
quais os mais importantes são os sistemas enzimáticos, compostos
pela superóxido dismutase, catalase e glutationa peroxidase, e
o não enzimático, composto por ceruloplasmina, hormônios sexuais,
coenzima Q, ácido úrico, proteínas de choque térmico e
outros. Tais adaptações, apesar das controvérsias sobre os mecanismos
envolvidos, promovem maior resistência tecidual a desafios
oxidativos, como aqueles proporcionados pelo exercício de
alta intensidade e longa duração. As técnicas de avaliação de estresse
oxidativo, na maioria das vezes, não são capazes de detectar
injúria em exercícios de curta duração. Dessa forma, esforços
estão sendo feitos para o estudo de esforços físicos realizados por
longos períodos de tempo ou efetuados até a exaustão. Novos
marcadores de lesão por ação dos RLO estão sendo descobertos
e novas técnicas para sua determinação estão sendo criadas. O
objetivo deste trabalho é discutir os mecanismos da formação dos
RLO e das adaptações ao estresse oxidativo crônico provocado
pelo treinamento físico.
Maiores informações: Cláudia Dornelles Schneider e Alvaro Reischak de Oliveira. Rev Bras Med Esporte _ Vol. 10, Nº 4 – Jul/Ago, 2004
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