segunda-feira, 18 de julho de 2011

Educação Física: BACHARELADO E LICENCIATURA

Este artigo trata sobre o histórico da Educação Física no Brasil e também de discussões sobre a divisão BACHARELADO e LICENCIATURA.
Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 25, n. 2, p. 113-128, jan. 2004 125.
Site: http://www.rbceonline.org.br/revista/index.php/RBCE/article/view/230/232

Pode-se dizer que a educação física, no bojo desse processo, se constituiu em uma área de formação de professores e de profissionais para atuar em outros campos além do escolar, o que acabou gerando questionamentos bastante incisivos em outros países (Alemanha, EUA, Canadá, Portugal). A busca por “cientificidade” e a afirmação da educação física na universidade deram origem a diferentes postulados, o que, naturalmente, também veio a acontecer no Brasil, calcados em novas denominações, como kinesiologia, ciência da atividade física, ciência da motricidade humana, ciência do esporte etc. Outro ponto polêmico foi que com o processo de neoliberalização da economia passou-se a exigir um perfil profissional da pessoa autônoma, do profissional liberal em quase todas as profissões tornando ainda mais complexo esse processo de mudanças. O ponto culminante dessa discussão apareceu subjacente à resolução CFE n. 3/87 por ocasião da criação do bacharelado e a manutenção da licenciatura. Embora a justificativa fosse o mercado de trabalho, o que de fato estava em jogo era a introdução de um novo modelo curricular, denominado de “técnico-científico”, como proposta de superação de um currículo centrado mais nos conteúdos gímnico-desportivos. Com isso se pretendeu dar um “corpo de conhecimento teórico” para a educação física. Na luta pela conquista desse novo espaço, o curso de bacharelado não teve como referência apenas o mercado de trabalho, mas, e principalmente, a busca do reconhecimento da educação física na universidade também como um campo de conhecimento científico. Muito embora o mercado de trabalho tenha se constituído, realmente, em uma preocupação que veio a desencadear esse processo de discussão e de proposta de “novos” cursos na área da educação física, o seu encaminhamento privilegiou o status científico da área na universidade. Dessa forma, conhecer os antecedentes que originaram os decretos, resoluções e pareceres das políticas públicas significou desvelar parte desse quadro sociocultural e histórico de diferentes épocas, assinalados pelos avanços e estagnações da sociedade brasileira. Nesse cenário, a formação do professor tem uma especificidade própria que deve ser respeitada e não pode ser ignorada, assim como a formação para atuar em outras áreas da atividade física também possuem as suas particularidades. As discussões que estão em andamento apontam para a perspectiva da não superação da dicotomia bacharelado-licenciatura, bem como para a constituição do “campo” dos profissionais de educação, formação de professores da educação básica, visando a sua própria identidade. Face a esse novo contexto, devemos nos informar a respeito do fato de que a “formação de professores de...” já se constitui em uma área com objeto próprio, de natureza interdisciplinar. Devemos, a todo custo, evitar cometer o mesmo erro do “esquema 3 + 1”, fazendo agora a sua inversão. Na área dos conhecimentos específicos da educação física também não se pode ignorar o fato de que, embora classificada na área da saúde, pode ser considerada uma área de humanidades, pois estuda a motricidade humana. Os cursos de licenciatura datam da década de 1930, tendo ganhado a sua especificidade na década de 1960, mas por terem sido vistos como cursos de segunda categoria houve todo um percurso de lutas na sociedade brasileira com o objetivo da revalorização da profissão de professor da qual a Associação Nacional pela Formação de Profissionais de Educação (Anfope) é um dos exemplos mais significativos de atuação de entidades profissionais nas novas diretrizes curriculares que estão em curso nesse início de século XXI, buscando conquistar a autonomia no campo do saber docente, no campo da formação profissional. Dessa forma, emerge desse redimensionamento uma nova categoria de estudo na sociologia das profissões, no campo do currículo, na esfera das políticas públicas no que se refere ao enfoque do “profissionalismo” e da “profissionalidade”. A formação profissional, deixa de ser apenas uma questão de grade curricular e ganha espaço nos estudos da memória, da história cultural, da história das profissões, das corporações de ofício.

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