sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

A influência do sedentarismo na prevalência de lombalgia

Revista Brasileira de Medicina do Esporte

Rev Bras Med Esporte vol.7 no.4 Niterói Jul./Aug. 2001

José Jean de Oliveira Toscano; Evandro Pinheiro do Egypto


A obtenção de equilíbrio nas estruturas que compõem a pilastra de sustentação humana (coluna vertebral), evitando quadros dolorosos a ela relacionados, não se constitui em tarefa fácil, devido principalmente às constantes mudanças de posturas realizadas diariamente pelo homem, expondo sua estrutura morfofuncional a uma série de agravos.

Um desequilíbrio mecânico das estruturas da coluna vertebral atua como fator nocivo sobre elas mesmas. Todas as estruturas que compõem a unidade anátomo-funcional do segmento lombar apresentam inervação nociceptiva, com exceção do núcleo pulposo e de algumas fibras do anel fibroso1.

As estruturas músculo-articulares são responsáveis pelo antagonismo das ações mecânicas da coluna: eixo de sustentação do corpo e, ao mesmo tempo, eixo de movimentação2. A falta ou excesso de esforço físico nessas estruturas facilmente acarretará danos à mecânica do ser humano em seus componentes osteomioarticulares.

Sucintamente, podemos definir a lombalgia como sendo um sintoma referido na altura da cintura pélvica, podendo ocasionar proporções grandiosas. O seu diagnóstico pode ser considerado simples, pois geralmente o quadro clínico da lombalgia é constituído por dor, incapacidade de se movimentar e trabalhar3.

A importância da dor lombar pode ser medida através da prevalência na população geral de adultos e em comunidades de trabalhadores, podendo manifestar-se desde a infância4,5. Evidências de problemas relacionados à coluna vêm desde o período bíblico, sendo Jacó a primeira vítima referendada6.

Com o pequeno volume de dados epidemiológicos nacionais e diante da realidade nas condições de saúde relacionadas com estruturas músculo-esqueléticas, pior que a dos países do 1º Mundo, alguns autores chegam a estar preocupados com indícios de uma epidemia branca, chegando-se inclusive a dizer que todas as pessoas irão apresentar, pelo menos, um quadro álgico lombar em algum momento de sua vida, com a agravante de que, na maioria dos casos, a dor é de curta duração e de gravidade insuficiente para justificar uma consulta médica1,7,8.

Modernamente, a atividade física vem sendo estudada no sentido de consolidar um saber científico sobre a saúde coletiva. A vida sedentária é reconhecida, mais fortemente, como sendo importante fator contribuinte na ausência de saúde e morte precoce. A Organização Mundial da Saúde e a Federação Internacional do Esporte estimam que metade da população mundial seja inativa fisicamente9. No Brasil, cerca de 60% dos brasileiros não praticam nenhum tipo de atividade física10.

Apenas recentemente têm-se observado iniciativas quanto à aplicação de programas de exercícios físicos relacionados à promoção da saúde, sendo a grande maioria direcionada a combater agravos crônico-degenerativos de característica cardiovascular e metabólica, como as doenças do coração e obesidade; pouco esforço é despendido, ainda, em programas de atividade física relacionada à saúde, envolvendo o sistema osteomioarticular, tendo como exemplo a lombalgia.

Ao realizarmos trabalhos envolvendo a temática11,12, pudemos verificar a necessidade de discussões mais freqüentes sobre a importância do fator de risco sedentarismo na prevalência da lombalgia. O propósito deste artigo é descrever o problema da inatividade física dentro da multicausalidade de fatores de risco da lombalgia, bem como apontar a influência da aptidão física como importante fator de proteção nas síndromes lombálgicas.

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